Vaidade na infância pode ser prejudicial
Que menininha ao observar a mãe aplicando batom diante do espelho não quer fazer o mesmo? A imitação faz parte do processo de crescimento. Para as meninas, vestir-se e maquiar-se como a mãe não é o problema em si, isso é natural. No entanto a valorização exagerada da beleza estética, bem como a crescente preocupação infantil com esse aspecto, torna-se prejudiciais. É preciso ter consciência de que criança não é um “miniadulto”. Quando a criança se veste diariamente, como adulto, pode correr o risco de perder sua identidade. A criança ainda não está madura nem física, nem emocionalmente para tal conduta.
Vaidade está ligada à auto-estima do indivíduo que está relacionada à aceitação da própria imagem do corpo, sendo considerado o objetivo a ser alcançado no desenvolvimento infantil. A criança, desde cedo, aprende a chamar a atenção e a conseguir afeto por meio de algum talento tal como a inteligência ou a beleza. Dessa forma, para ela, as qualidades usadas para atrair admiração passam a ser a única maneira de obter atenção e afeto.
Ao estimular e valorizar a beleza na criança despertará nela um intenso prazer com isso, à criança passa a buscar a repetição da sensação. A reação em questão (ser admirado) desperta nela a sensação do gozo, o significado passa a ser a aprovação despertada no Outro. Dessa maneira, a criança busca ser amada pelo Outro por meio da beleza, procurando agradá-lo com sua perfeição.
A vaidade infantil pode ser valorizada desde que não haja erotização. Uma sandália de salto possui representações sensuais que precisam ser avaliadas com cuidado. A criança poderá expressar uma sensualidade que não saberá lidar ou, ainda, poderá despertar precocemente o prazer em seduzir.
A vaidade, como o desejo exagerado de seduzir admiração, ocasiona comprometimentos no desenvolvimento da criança que está passando pelo momento de construção de sua personalidade. O processo de desenvolvimento na infância define toda a vida do adulto e qualquer falha que possa ocorrer durante esse processo poderá afetar o psiquismo, gerando conflitos internos e o comprometimento de suas relações com a sociedade na vida adulta.
No que correspondem a um comprometimento na integridade física da criança, os fisioterapeutas e médicos ortopedistas salientam que o salto alto na infância pode causar encurtamento da musculatura posterior da perna e encurtamento da musculatura posterior da coxa. Isso acaba interferindo na forma de andar. Na questão postural, ocorre alteração lombar e assimetria do quadril, aumentando as chances de lordose (termo anatômico usado para designar a curvatura lombar e cervical normais da coluna vertebral).
A vaidade em si não é preocupante. O que merece atenção são os valores que estão sendo transmitidos às crianças que estão submetidas à valorização do dispensável. Devemos estimular e deixar a criança aproveitar todas as fases de seu desenvolvimento de forma natural. Não podemos permitir que elas abandonem as atividades da infância em favor da beleza. O brincar é essencial na vida de toda criança e a substituição desse momento pode causar prejuízos à saúde mental.
Devemos ressaltar que, entre as preocupações com a aparência infantil, surgem também aquelas causadas pelas doenças como os transtornos alimentares (anorexia e bulimia) vitimizando atualmente um crescente número da população infantil. Influenciadas pela mídia e muitas vezes até pela família a criança adere à moda dietética visando obter o corpo tido como ideal. Como exemplos podem ser citados uma criança que desde cedo é estimulada pelos pais dizendo que a “barriga” é uma coisa feia, assim a criança poderá deixar de ter uma alimentação adequada à sua idade para que não crie gordura abdominal. Na mídia, em propagandas de produtos e vestuários voltados para o público infantil, o que é mostrado como referência é sempre o belo.
A busca desse corpo e beleza “ideal” pode ocasionar nas crianças um adulto extremamente vaidoso podendo ficar na posição de atender às expectativas de outras pessoas, perdendo assim a sua própria identidade. Ou gerar ainda uma insatisfação com sua própria imagem corporal. E como a vaidade é ilusória e não corresponderá ao real, encontraremos instalados nesses adultos a baixa auto-estima devido à insatisfação dos seus desejos.
Os pais devem estabelecer limites é dar como referência principalmente com pequenos exemplos, tais como: não precisar seguir de forma rígida as modas e sim buscar aquilo que melhor se enquadre ao seu perfil, não ficar preocupado com aquele pneuzinho a mais, afinal a criança está em fase de desenvolvimento e com atividades físicas e o crescimento as gorduras localizadas podem desaparecer. Mostre a seu filho que a aparência é importante, mas não é tudo. Ensine a ser crítico em relação aos valores que lhe são apresentados. Valorize suas conquistas pessoais, como notas altas, esportes, comportamentos adequados.
Deve ser motivo de alerta aos pais caso eles percebam que seus filhos:
• comecem a valorizar mais a aparência que os estudos;
• deixem de comer, justificando que precisam emagrecer;
• gastem toda a mesada em roupas e cosméticos;
• preocupam-se de forma exagerada em ser popular na escola;
Psicóloga DÉBORA TRINDADE LANNA CRP: 08/13539
Graduada pela Universidade Luterana do Brasil ULBRA – Manaus/AM
Formação em Tanatologia pela (RNT) Rede Nacional de Tanatologia - Manaus/AM
Formação em Acompanhamento Terapêutico pela FOCO CONSULTORIA e DESENVOLVIMENTO HUMANO – Curitiba/PR
Formação em Comportamento Alimentar Programa RAFCAL - Curitiba/PR
Especialização em Terapia Cognitiva Comportamental - cursando pelo Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva – Curitiba/PR
Texto publicado em diversos sites, dos quais se destacam:
Bonde. Clique aqui para ler a reportagem no site.
Plenamulher. Clique aqui para ler a reportagem no site.
Guiasweb. Clique aqui para ler a reportagem no site.